sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Cello e Lia souberam amar...




Há pouco mais de dois meses, Lia, minha amiga do coração, me falou sobre um cara chamado Marcello, que ele era interessante... interessante, apenas isso. Mas foi o suficiente pra eu entender o que se passava... porque a gente sempre chama de interessante uma pessoa de quem não sabemos nada, mas que por algum motivo que desconhecemos, não sai do pensamento. É... Lia não queria dar o braço a torcer, mas já estava encantada pelo Cello (se me permite a intimidade) e como tudo que é encanto foi aumentando com o passar dos dias, das semanas... eu chamo de encanto o que os demais amigos e conhecidos chamaram de “diferente”... “A Lia tá diferente... ela tá saindo com alguém... mas quem?” Eu sabia que era o Cello, como sabia a natureza desse encanto... não se tratava de qualquer encanto, tratava-se de um encanto que, na verdade, é o primeiro estágio de um sentimento formado em camadas: o Amor... e é preciso muita mestria para sobrepor aos poucos camada por camada sem estragar o resultado final, como a mulher que ama e confeita a torta doce de três camadas e cobertura com delicadeza, precisão e firmeza... para que o resultado não só seja doce como perfeito. Para compor o amor em suas finas camadas, não basta ser um bom confeiteiro, é indispensável a dedicação e a consideração... daí porque aquele bolinho que a sua mãe faz pra você tenha mais sabor que o feito na padaria do centro.

Levou certo tempo enquanto Cello e Lia se davam conta do encanto recíproco... e nesse ínterim, teve de tudo: teve quem quisesse saber se era namoro, quem era o homem em questão, a profissão do rapaz, a naturalidade, como se conheceram...o povo queria saber de tudo!!! Mas tudo o que??? Como...se o tudo ainda estava em formação, já queriam saber o sabor da cobertura da torta que ainda estava na primeira camada...Teve até pretendente perdedor ciumento pedindo satisfações...sim, porque um homem que queira ser o dono do coração de minha amiga Percília precisa estar ciente de que estará se fazendo inimigo de todos os homens solteiros num raio de 2046km...e no fundo Cello teve sorte de seu “adversário” ser apenas um menino ainda, que ainda entenderá as muitas camadas de um amor verdadeiro.

Agora imagine o que é confeitar um bolo com a criançada em volta de você:

“ah...deixa eu lamber a panela?” “deixa eu ajudar?ahhhhhhh eu também quero confeitar” “posso provar uma cereja?” “que horas fica pronto?” “porque eu não posso comer logo?”

Pois é...isso é uma coisa que um bom confeiteiro não conseguiria fazer, mas uma mãe dedicada consegue, assim como quem ama e tem amigos é capaz de confeitar seu amor mesmo com todos os amigos ao redor...Lia não se afastou dos amigos e Cello não precisou se esconder, mas souberam confeitar sem deixar que tudo virasse uma grande bagunça de indiscrição, dividiram o sabor do seu estado de encanto com os amigos sem deixar desandar a mistura de seus sentimentos, tendo consideração com o carinho demonstrado pelo amigos bem como consideração pela frágil camada de seu amor em formação...isso é realmente louvável. E é em reconhecimento de toda essa destreza e mestria que eu faço essa homenagem simples, que não é uma simples homenagem, é o meu carinho e desejo de que esse amor se torne a mais bela das tortas e a certeza que tenho, assim como os outros amigos têm de que ainda colocaremos as cerejinhas finais nesse chantilly... e é isso que nos faz ter a paciência de esperar...rente à mesa com olhos arregalados a nossa vez de participar no confeito...

Talvez vocês estejam se perguntando porque a distância mencionada acima de 2046km...

É a distância de Goiânia até a nossa Belém do Pará, e é longe... né? Mas o Cello percorreu um pouco mais que isso até chegar a minha amiga Percilia e começar a construir um relacionamento que tem a delicadeza de uma pipa de papel de seda...e é essa a distância que ela percorrerá na madrugada de domingo para encontrá-lo...sim, fará o caminho de volta...talvez assim ela compreenda quão distante uma borboleta chamada amor é capaz de voar.

Então, para selar minha homenagem fiz uma paráfrase de uma música que é de autoria de Oswaldo Montenegro... sim e é ele mesmo quem canta, esse senhor grisalho e cabeludo que eu adoro... A música original se chama Leo e Bia... e fala de um casal que soube se amar, um de Brasília, outro de Belém... então, caiu como uma luva para os dois... enfim...vejam vocês mesmos se não é a cara deles...

Cello e Lia

No centro de um planalto vazio
Como se fosse em qualquer lugar
Como se a vida fosse um perigo
Como se houvesse faca no ar...
Como se fosse urgente e preciso
Como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar valia
E Cello e Lia souberam amar


Como se não fosse tão longe
Goiânia de Belém do Pará
Como castelos nascem dos sonhos
Pra no real, achar seu lugar...
Como se faz com todo cuidado
A pipa que precisa voar
Cuidar de amor exige mestria
E Cello e Lia souberam amar.

(Oswaldo Montenegro - Adaptação)

Os melhores desejos de felicidades a esse recente casal, desejo muitas cerejas e muito chantilly pra vocês...

Um beijinho keniano para os dois...